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Goldfish

 

Experimentos orgânicos. Ação da luz, do vento e da chuva sobre a memória dos objetos e lugares.

 

Colcha de Croché

Vestido 

Camisola

Espelho

Goldfish

 

Experimentos químicos. Ação da terra, de produtos químicos e do tempo presente sobre a memória das coisas.

 

Filmes 

Fotografias

Slides

 

WORK IN PROGRESS

 

GOLDFISH 

reinventando a memória das coisas

interferindo na memória registrada

Um peixe dourado.

Distraio-me dos ciclos e recorrências. Sobre esquecimento? Já nasci sabendo. De concreto só um milésimo de segundo. Pé de vento, ruflar de asas, pulsação. O antes é nulo, lavado e sem marcas como um futuro vago, desimportante. Só há o que é, agora. Eletricidade. Esqueço tudo, esqueço muito, desacredito breve. O silêncio sem a tua voz te mata em mim, um sopro qualquer que levou o teu cheiro, a sombra apagada, réstia fugidia. Pronto, já somos pó.Creio na memória das coisas, não em falsas lembranças, manipuladas pela interpretação inteligível.Não! Prefiro as pedras, os sofás rotos, gavetas, vestidos mofados, papéis amarelados soltos em casas abandonadas que conversam com outros lugares ermos, arquitetura em outra dimensão.Bules de chá trincados contam histórias reais, basta ficarem esquecidos no fundo lodoso de um poço, intactos. Baús ocultos falam a verdade desintegrada. Sensação que só certo espaço-tempo traduz para o além, longe da ciência, da lógica, o limbo. Nunca uma voz treinada em artigos e consoantes poderá juntar milhões de peças espalhadas, flutuando num mosaico autônomo.Memória de gente é mera alucinação. A realidade são fantasias de vitrine passeando por consultórios de terapeutas, cartilhas, orações e fórmulas. É arqueologia de cacos desenhando cruéis conclusões. A invenção só me vale quando não explica. Organismos ilógicos, elementais, elos etéreos muito além da rigidez (flacidez?).Dispenso a necessidade da presença estática e abraços mecânicos. A gana de provar que há – e o que há? - é o limite que desprezo com todas as forças. Míseros 5 sentidos.Mil anos dentro de um segundo. Um mar em uma gota. Não quero reconhecer você ou a mim nas rotinas. Aprenderei um novo você, outra eu a cada vez, em cada fragmento. Me é insuportável a dor das previsões a sufocar as surpresas e delícias do medo diante do vasto desconhecido. Nós sob o manto da invisibilidade. Tudo é coisa alguma. Nada sei sobre isto, sobre aquilo, sobre você, a respeito de mim.Eu esqueci, foi só então que te vi.

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